terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Uso Indiscriminado de Medicamentos em Crianças.


A utilização de medicamentos em crianças é um assunto importante e polêmico. As crianças não são adultos em miniatura e são poucos os estudos científicos realizados com essa faixa etária, por causa dos problemas éticos e legais. Crianças, principalmente os bebês, necessitam de uma atenção especial porque elas reagem aos medicamentos de forma diferente dos adultos e estão mais sujeitas a casos de intoxicações.


A facilidade no acesso a remédios, o forte apelo da publicidade e a recorrente alegação da “falta de tempo" para levar os filhos ao médico, faz com que muitos pais façam do uso indiscriminado de medicamentos em crianças um hábito. Especialistas, entretanto, alertam que, em excesso, os remédios trazem mais males que benefícios. Mesmo aqueles que podem ser comprados sem prescrição médica podem causar danos irreversíveis à saúde da criança se usados de forma incorreta ou sem necessidade. Estudos têm apontado que as principais classes terapêuticas utilizadas em crianças são anti-inflamatórios não-esteroidais, analgésicos e antibióticos. A freqüência da automedicação em crianças tem se mostrado elevada em vários estudos e isso tem se tornado um fator preocupante.


De acordo com um estudo realizado pela Dra. Lúcia Ferro Bricks, pediatra do Hospital das Clinicas, de São Paulo, os medicamentos dados para crianças além de serem usados sem prescrição médica, são ingeridos com erros de dosagem e por tempo inadequado.


Embora muitos pais e responsáveis aleguem que não dão medicamentos fortes às crianças, é importante saber que nem sempre é a potência do remédio que importa, mas sim a dose, que pode causar sérios danos à saúde da criança. A administração de analgésicos como o ácido acetilsalicílico em casos de suspeita de dengue, por exemplo, não é recomendada. A doença costuma apresentar sintomas comuns aos de resfriados e pode induzir o uso de medicamento errado, ocasionando até a morte da criança por hemorragia. Da mesma forma o paracetamol, outro tipo de medicamento muito utilizado para dor e febre, pode causar lesões no fígado. Já o uso inadequado de antibióticos pode promover uma resistência das bactérias, tornando o tratamento posterior muito mais difícil.


Uma pesquisa realizada pela Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santana Catarina (UFSC), em 2003 e 2004, mostrou que crianças maiores de sete anos são as que mais recebem remédios sem prescrição médica, já que os pais sentem-se inseguros em dar medicamentos para filhos mais novos. Dentre os fatores que facilitam a automedicação, está a conhecida "farmácia caseira". Os pais guardam em casa alguns medicamentos que sobraram de tratamentos anteriores e se baseiam em prescrições médicas antigas para medicar seus filhos. Nesse estudo, constatou-se que 56,6% de crianças e adolescentes consumiam medicamentos sem prescrição médica. Os maiores responsáveis pela automedicação e indutores seriam as mães (51%) e funcionários de farmácias (20,1%). 15,3% consumiram medicamentos a partir de prescrições médicas antigas. Mas, para surpresa dos pesquisadores, somente 1,8% disseram ter ingerido medicamentos por influência da mídia. Outro resultado de destaque da pesquisa foi que, embora a prevalência do consumo de medicamentos prescritos seja mais alta em lactantes e pré-escolares, quanto menor a faixa etária, maior a insegurança dos cuidados em aceitar uma orientação leiga. O estudo constatou menor freqüência de automedicação em crianças menores de 7 anos.

Dificuldades nos atendimentos em prontos-socorros, farmácias e em postos de saúde também são considerados agravantes do uso indiscriminado de medicamentos em crianças, fazendo com que os pais façam um estoque de medicamentos para tratar doenças consideradas menos sérias.
Como geralmente os medicamentos são indicados pelos pais, principalmente a mãe, a prática constante faz com que a criança se acostume a ingerir medicamentos facilmente, levando o hábito para a vida adulta.

Uma vez que a automedicação dificilmente poderá ser eliminada, é necessário que a sociedade se adapte, recebendo informação científica sobre os medicamentos de venda livre, sem estímulo ao consumo desenfreado ou ao mito de cura milagrosa, ao mesmo tempo em que seja incentivada a procura do profissional médico, revelando os pontos positivos que uma consulta médica pode ter em relação à automedicação.


Cuidados ao utilizar medicamentos em crianças.


* Não dê medicamentos de “USO ADULTO” para crianças, use apenas os medicamentos de “USO PEDIÁTRICO”.


* A receita médica deve ser clara quanto à forma de administração, dosagem e tempo de duração de tratamento.


* Não suspenda um medicamento antes do prazo de uso estipulado pelo médico. Qualquer dúvida, converse com o médico pediatra.


* Não use medicamentos contra tosse e resfriado em crianças com menos de dois anos de idade, a não ser que você receba orientações específicas do médico para utilizá-los.


Lembre-se: O remédio que você toma, ou aquele que o filho da sua vizinha usa, pode ser prejudicial para o seu filho.
Para evitar intoxicações, nunca guarde os medicamentos
em locais de fácil acesso para crianças (gavetas ou armários
baixos).


Fonte:



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